O que é Psicologia Evolucionista?

Psicologia Evolucionista é uma disciplina resultante da síntese entre a Psicologia Cognitiva e a Biologia Evolutiva, que engloba conhecimentos da Antropologia, Paleontropologia, das Ciências Cognitivas e das Neurociências. Essa disciplina fornece o elo necesário na tentativa de abarcar a relação entre biologia e cultura, por meio da compreensão da arquitetura mental humana. É um perspectiva teórica heurística que fornece modelos e métodos robustos para examinar os processos mentais e comportamentos humanos, usando a lógica dos mecanismos de seleção natural e seleção sexual propostos por Charles Darwin. Nesse sentido, partimos do pressuposto que o ser humano evoluiu através dos princípios da seleção natural e sexual. Logo, a mente humana é, por conseguinte, igualmente um produto evolutivo e o sítio onde a cultura é regada de maneira rica e intrincada.


O Alicerce téorico da Psicologia Evolucionista


A Psicologia Evolucionista, alicerçada sobre as contribuições teóricas de Darwin, Mendel, Hamilton, Trivers, entre outros (que nos próximos textos terei o maior prazer de discutir com você, caro leitor); possibilita a construção de um modelo apurado e robusto de investigação sobre as origens, bem como a história de vida do homem, uma vez que o pensamento biológico permitiu a psicologia se assentar sobre uma nova base - como bem predisse Darwin no final da sua célebre obra Origens das Espécies (1859) - à luz da evolução; e que, sob a minha óptica, se denota atualmente como a maneira mais elegante de tornar, ente outras coisas, o cerne da filosofia do grande pensador grego Sócrates – “conhece-te a ti mesmo” – em realidade científica.



Qual é o objetivo da Psicologia Evolucionista?

A Psicologia Evolucionista procura compreender e entender porque a mente foi moldada do modo como é; como a mente humana foi modelada; quais são seus mecanismos e as partes; Qual é a sua organização; quais as funções dessas partes; e finalmente, como os estímulos ambientais (input) interagem com a mente (hardware) para produzir o comportamento observável (outputs). Nesse sentido, a perspectiva evolucionista amplia o estudo do comportamento humano para além da análise física, de suas causas proximais – mecanismos fisiológicos evoluídos; passa a considerar e investigar os mecanismos psicológicos evoluídos. Para tanto, se debruça sobre o seu surgimento na história da vida, adotando o método comparativo com outras espécies, entre indivíduos e os sexos da mesma espécie; além de procurar compreender sua função ou o valor para a sobrevivência e reprodução do indivíduo.



Somos animais pré-históricos?

Não obstante, as condições ambientais, que selecionaram características por meio das pressões seletivas exercidas sobre nossos ancestrais, são muito diferentes das condições nas quais estamos imbuídos. Bowlby denominou de Ambiente de Adaptação Evolutiva (AAE) à composição estatística das propriedades adaptativas relevantes dos ambientes encontrados por membros das populações ancestrais. Nesse ambiente, os seres humanos estariam organizados em pequenos grupos e viviam a base da subsistência, caçando e coletando alimento.
É sabido que todos os organismos transformam a biosfera. Mas é indiscutível que o ser humano seja a espécie mais eficiente no que tange às mudanças rápidas no ambiente. Não há dúvidas que o uso do fogo, linguagem, agricultura, implantação do estado, as conquistas européias, as revoluções científicas e tecnológicas e a dominância dos combustíveis fósseis como fontes primárias de energias proporcionou transformações globais da história da espécie humana – responsáveis pelo crescimento populacional e da modificação do núcleo tecnológico das sociedades. É válido lembrar que essas rápidas mudanças não são acompanhadas por modificações nos mecanismos anatômicos e mentais evoluídos para lidar com problemas referentes a esse novo ambiente, pois a seleção natural pode levar milhões de anos para produzir alterações relativamente simples nos organismos Nesse sentido, podemos considerar o ser humano como um animal arcaico, dentro de um contexto que ele mesmo criou, buscando soluções para problemas que antes não existiam. (que nos próximos post vamos discutir) Entre outras palavras, somos animais pré-históricos vivendo em um ambiente moderno; dominado por supermercados e shopping centers (que substituí a necessidade de caçar e coletar alimentos), de computadores on line (que facilita nossa comunicação e facilita a transmissão de informação para o mundo todo); e tantas outras parafernálias (máquina fotográfica, MP3, MP$4 iphone, celular, etc) que adoramos usar e abusar.

Referências:

Buss, D. M. Evolutionary Psychology: the new science of the mind. Boston: Allyn & Bacon, 1999.
Cosmides, L.; Tooby J. Cognitive adaptations for social exchange. In: J. H. Barkow, L.
Cosmides, L.; Tooby, J. Evolutionary psychology and the emotions. In: M. Lewis; J. M. Haviland-Jones (Eds.). Handbook of emotions. 2. ed. NY: Guilford, 2000.

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